Obviamente que felicidade e salvação não são mutuamente excludentes entre si – na verdade, aproveito para lhe pedir perdão pelos cristãos rabugentos e carrancudos com os quais você se deparou na vida. Eles são aqueles membros que sempre reclamam da taxa mensal de associado porque não aproveitam e nem conhecem o Dono do Clube. Do contrário descobririam que Ele distribui cartão gratuito vitalício pra área VIP com quem lhe faz amizade. Eles não entenderam que a salvação pelas obras não funciona, mesmo que seja pelas obras da tristeza. Ora, ser infeliz nunca abriu portas para ninguém entrar no céu.
Mas de acordo com a Bíblia a alegria é que é um fruto divino – todo verdadeiro cristão o manifesta. Veja como é interessante que, talvez não por acaso, a composição mais famosa de Bach se chame “Jesus, a Alegria dos Homens”.
Mas eu gostaria aqui de fazer um contraponto importante. O que quero dizer é que se sua felicidade nesta vida implica em pôr em risco sua vida eterna, uma conclusão me parece bastante óbvia: seja infeliz; pelo menos por este curto período de tempo. Digo isso mesmo sabendo da alegria superior que enche o coração de quem assume essa determinação, e das flutuações emocionais de quem se apega a essa felicidade fugaz e ao mesmo tempo superficial que é ofertada aqui.
Fiz essa afirmação categórica sobre escolher uma infelicidade temporária apenas para que essa perspectiva, ainda que extrema, ajude-lhe a repensar as proporções do real valor das coisas.
É nesse teor que um pensamento de C. S. Lewis me parece fazer muito sentido: “Há várias coisas com as quais eu não me preocuparia se fosse viver apenas setenta anos, mas que me preocupam seriamente com a perspectiva da vida eterna”. Salomão tem essa mesma noção quando disse que “você pode escolher a vida que seu coração desejar, mas saiba que no fim de tudo Deus vai lhe chamar para prestar as contas” (Eclesiastes 11:9).
O que ambos querem dizer é algo matematicamente óbvio: não vale à pena trocar uma eternidade por setenta anos. Você pode ser feliz eternamente, se abandonar certas amarras que no Dia Certo lhe impedirão de voar.